Porque eu acredito em Garabandal?

Por Dr. Ricardo Puncernau ( médico neuropsiquiátra)

(Barcelona, Espanha, 1975)


O Dr. Puncernau, aqui presente com Conchita
O Dr. Puncernau, aqui presente com Conchita

Se eu tivesse que contar tudo que eu experienciei em Garabandal, esse artigo ficaria tão longo quanto o artigo do Dr. Zhivago!Essa não é a minha proposta.

A maioria dos fatos de Garabandal já foi publicada em muitos trabalhos, em Espanha e noutros países. A minha agora é recordar uma série de fatos que, por serem muito pessoais, nunca foram ditos a ninguém, exceto a poucos membros da minha família. Eu tenho esperado por isto hà quase quinze anos, mas agora acho que essas coisas deveriam ser ditas.

Eu sou, graças a Deus, um homem de fé. Uma fé fortalecida pelas minhas observações científicas dos eventos que aconteceram em Garabandal. Cada vez que uma explicação científica tentou abalar os fundamentos da religião, percebi que com um pouco de tempo e paciência uma nova explicação vinha à tona e revertia o prejulgamento.

Ser um cristão me obriga a dizer a verdade sem nenhum embelezamento. Consequentemente, apesar dessa narrativa ser um ponto de vista de um médico, escrevi da forma mais simples e sincera possível. Eu não desviei, pelo menos não conscientemente, nem um pouco do que me lembro dos eventos que testemunhei em Garabandal.


A História de Dr. Puncernaus

Porque é que eu fui para Garabandal durante as aparições? Porque é que eu fiz tantas viagens? Na verdade, não sei!

Garabandal fica a uns 800 quilómetros de Barcelona, a cidade que eu normalmente vivo e onde eu tenho o meu consultório de neuropsiquiatria.

Foi um amigo de longa data, Jacinto Maristany, quem me incentivou a ir a Garabandal. Mas eu pensei, "eu não sou a pessoa para fazer essa viagem apenas para observar histerias! Eu vejo suficiente disso como um médico."

E assim...

Uma noite depois do jantar, ele ligou-me dizendo que Mercedes Salisachs, uma eminente escritora, estava indo para Garabandal na manhã seguinte às 4 da madrugada. (Na época eu não tinha carro). Ela esperaria por mim no carro, na esquina da rua de Paris e da Rua Enrique Granados. Eu disse que pensaria seriamente sobre isso, mas que, se eu não estivesse lá a essa hora, ela poderia ir.

Eu não sei o que me motivou a acordar às 3:30 da manhã seguinte para viajar para ver o que eu achava que seriam apenas umas pequenas meninas histéricas.

Naquela noite, enquanto preparava-me para sair, contei para a minha esposa sobre os curiosos eventos de que eu tinha ouvido falar, e que estavam a acontecer em Garabandal. Como era de costume, nós nos ajoelhamos ao pé da cama e fizemos uma breve oração. Depois, ela levantou-se, abriu o armário, tirou de dentro uma câmera, entregou-me e disse-me: "leve isso... vá para Garabandal e tire muitas fotos."

O interesse inesperado da minha esposa me surpreendeu. Deixou-me indeciso. Foi estranho.

"Podes levar a Margarita contigo."

Margarita é a nossa filha mais velha. Ela tinha aproximadamente 8 anos na época.

"Mas..."

"Sem 'mas', eu quero que vás para Garabandal"

Quando a Margarida escutou sobre a viagem, surpresa, ela ficou super alegre, e, na manhã seguinte, sem pausa para o café da manhã, nós nos apressamos para não perder o encontro com Mercedes Salisachs. Ela chegou pontualmente às 4 da manhã, como combinado. Entramos no carro para Garabandal e essa foi a primeira de dez ou doze viagens que fiz para aquela aldeia.

O trânsito estava leve e tivemos um bom tempo pelo caminho.

Que campo encantador! Quão encantador! Que ar puro! Quando estávamos a chegar perto da aldeia de Garabandal, Margarita e eu decidimos caminhar o restante do caminho. Caminhamos vagarosamente aproveitando o rústico e as montanhas do campo que eram um lugar tranquilo e restaurador depois de uma longa viagem de carro.

Enquanto ainda estava longe da aldeia de Garabandal, no campo esquerdo a uns 300 metros de distância, vi uma menina vestida de branco sentada numa pedra plana. Ela estava perto de uma pessoa mais velha, que eu pensei ser a mãe dela que estava cortando ou colhendo algo do campo. Eu olhei para a criança que parecia ter aproximadamente 13 anos. Ela olhou para mim sem se mover. Era, pelo menos para mim, um olhar especial. E eu, sem saber quem era, imediatamente fiquei sabendo que ela era uma das meninas de Garabandal que tinha tido a visão. Eu não sei porque eu sabia, mas eu sabia.

Mais tarde, quando a conheci e descobri que ela era a protagonista mais importante dos fatos estranhos que me contaram, contei a ela que a tinha visto no campo. Ela me respondeu de uma maneira direta e desarmante. Erino era um homem digno, ele me pareceu seguro de si e um pouco astuto, mas depois descobri que, na verdade, como a maioria das pessoas de Garabandal, ele tinha um coração de ouro.

Nós passamos a noite numa casa no limite da aldeia, que depois de várias visitas nós jocosamente chamamos de "Puncernau Hotel"!

No dia seguinte, ouvimos que Conchita tinha entrado em êxtase, juntamente com a Jacinta, a Mari Loli e finalmente a Mari Cruz. As quatro meninas estavam a andar em êxtase ou "segundo estado", recitando o rosário com um grupo de pessoas que as seguiam, respondendo. Eu observei essa curiosa procissão por um tempo, então fui para a pousada Ceferino para um copo de refrigerante.

Na pousada havia uma jovem mulher do Uruguai que trabalhava para Folies Bergeres em Paris. No curso da nossa conversa, ela disse-me que não apenas não acreditava nas supostas aparições, mas que também não acreditava em mais nada. Ela foi para Garabandal por pura curiosidade. Depois de alguns minutos, sugeri que fossemos para o lado de fora ver o que estava a acontecer com as videntes.

Nós paramos na sombra de uma casa e pudemos ver que eles estavam a ir em direção à pequena igreja da aldeia, ainda recitando o rosário. Deste ponto obscuro, observamos as meninas em êxtase.

Depois de um tempo, Conchita se separou da procissão e caminhou normalmente, mas com uma velocidade incomum, na nossa direção, enquanto nós recostávamos na parede da casa, escondidos na sombra.

Ela estava a segurar um pequeno crucifixo na sua mão.

Eu pensei "essa menina sabe que sou um médico e está aqui para me desafiar, mas como ela conseguiu-me ver nessa sombra?"

Mas não, ela foi em frente à minha companheira e colocou o crucifixo na sua boca para que ela beijasse: uma, duas, três vezes. Depois, ainda em êxtase, Conchita juntou-se novamente com os outros e continuou o rosário.

A dançarina começou a chorar com grandes soluços como se estivesse inconsolável. Eu pensei que ela estava tendo um ataque, então levei-a para o banco encostado na parede do lado de fora da pousada Ceferino.

As pessoas se reuniram ao redor enquanto eu tentava acamá-la.

Finalmente ela estava bem para explicar. Ela disse-me:

"Eu tinha pensado lá no fundo 'se é verdade que a Virgem aparece, uma dessas meninas vai me dar a prova'. Mal pensei nisso quando Conchita veio na minha direção para me dar o crucifixo para beijar. Eu não queria isso, eu tentei tirar a mão da Conchita. Mas com uma força incomum ela colocou o crucifixo nos meus lábios e eu não pude fazer nada além de beijá-lo uma, duas, três vezes. Eu, a incrédula. Eu, a ateísta. Eu, a que não acreditava em nada. Isso me comoveu muito."

Essa foi a primeira experiência telepática que eu pessoalmente observei em Garabandal.

Eu não vi a jovem mulher novamente até estarmos no comboio ( trem) voltando para Bilbao quando prometi manter contato com ela. Ela escreveu-me mais tarde, dizendo que deixou "Folies Bergeres" e que voltou para a sua família no Uruguai.

Já se passava da meia noite do dia desse evento quando mandei a minha sonolenta filha, Margarita, para a cama e sentei para fazer-lhe companhia pelo menos até ela dormir.

Em algum momento ela disse-me:

"Pai, se desejares, deves ir. Eu não tenho medo"

"Realmente?"

"Sim, não se preocupe"

Eu coloquei-a na cama, dei-lhe um beijo de boa noite e quase imediatamente ela estava a dormir pacificamente.

Eu sai para a rua. Era uma noite fria e estrelada. Para uma pessoa da cidade, as estrelas pareciam ter um brilho incomum. Parece que a Mãe do Céu vigia e protege os habitantes e visitantes de Garabandal com os seus braços estendidos.

A Minha filha não tem medo. No entanto, é outra história deixar uma criança de oito anos sozinha numa aldeia desconhecida. De alguma forma, não me surpreendeu o fato de que Margarita foi capaz de dormir tão facilmente. Andando pelas ruas escuras e solitárias, eu também me senti protegido.

Além das multidões de pessoas que vêm para Garabandal, lá nunca teve, que eu saiba, nenhum incidente angustiante ou doloroso. Quando um camião cheio de trabalhadores caiu dentro de um abismo perto do riacho das montanhas, ninguém recebeu mais do que alguns arranhões. Mas era evidente que aquela parte da estrada era tão mau que era capaz de matar um exército inteiro.

Eu continuei a visitar Garabandal para observar as videntes nos seus estados de transe, mas eu sempre me abstive de responder ao rosário. Minha regra como médico era me manter distante e observar friamente os fatos. Mas que frieza predeterminada de coração poderia resistir ao calor amigável de Garabandal?

Juntando-se a Mari Loli e Conchita na recitação do Rosário está Madame Julia Puncernau (à direita), a esposa do bom médico,
Juntando-se a Mari Loli e Conchita na recitação do Rosário está Madame Julia Puncernau (à direita), a esposa do bom médico,

O êxtase era surpreendente

Numa ocasião, vi as videntes voltadas para a porta fechada da pequena igreja da aldeia. Elas permaneceram para lá como se estivessem pedindo permissão para entrar. Então, sem perder o seu "segundo estado", elas deram a volta e estenderam as mão em forma de cruz.

"Elas vão voar... elas vão voar." Eu escutei as pessoas ao redor cochichando. Isso parecia um pouco ridículo para mim.

Mas, para meu espanto, elas começaram a correr, os seus braços estendidos, através das pequenas ruas da aldeia.

Isso foi muito estranho. Eles davam a impressão de se moverem um pouco, voarem um pouco, como num filme em câmera lenta ou uma pseudo-levitação; mas a velocidade era inacreditável, tanto que os jovens da aldeia com todo vigor da juventude não eram capazes de alcança-las, apesar de todo o esforço exercido.

Depois de cruzarem toda a aldeia, elas voltaram ao ritmo normal e um tempo depois deixaram o seu "segundo estado" sorrindo.

Parece um bom momento para comentar aqui sobre as visionárias entrando e saindo dos seus êxtases.

Elas disseram que sentiram três chamadas. A primeira, ouviam a palavra "venha" acompanhada de um sentimento de alegria. A segunda era como se elas ouvissem "venha... corra, venha" com uma alegria maior e mais persistente. A terceira chamada coincidia com uma entrada repentina no êxtase.

As meninas disseram "Eu já ouvi uma chamada" ou "Eu já ouvi duas chamadas". O tempo entre as chamadas variava.

Uma vez, quando eu soube que elas já tinham ouvido as duas chamadas, eu decidi tentar distrai-las por meio de conversa, fazia com que falassem sobre coisas que eram de seus interesses. De repente, elas caíam num êxtase mortal de joelhos no meio de uma sentença/frase. Isso aconteceu apesar do fato de elas estarem interessadas sobre o que estavam a dizer.

Eu fiquei particularmente impressionando. Isso não é a maneira normal de entrar em transe hipnótico, especialmente se a pessoa não está condicionada a um sinal; e lá não tinha ninguém na multidão em posição de saber esse tipo de coisas.

O eminente Dr. Ricardo Puncernau (à direita), cujo artigo intitulado Estudo neuropsicológico e parapsicológico dos eventos de Garabandal foi apresentado no Congresso Internacional, em Lourdes, em agosto de 1978, é mostrado discursando numa conferência da Academia de Ciências Médicas em Barcelona, Espanha.
O eminente Dr. Ricardo Puncernau (à direita), cujo artigo intitulado Estudo neuropsicológico e parapsicológico dos eventos de Garabandal foi apresentado no Congresso Internacional, em Lourdes, em agosto de 1978, é mostrado discursando numa conferência da Academia de Ciências Médicas em Barcelona, Espanha.

Encantado pelas crianças

Eu e a Margarita acompanhamos Conchita muitas vezes a levar o almoço para um dos seus irmãos que trabalhava nos altos prados. Uma vez, até ficamos lá para um piquenique. Nós subimos alto o suficiente para conseguir ver a aldeia vizinha de Tudanca e nos divertimos, assustando os cavalos selvagens para que pudéssemos admirá-los enquanto eles galopavam montanha acima. Era um prazer estar com a Conchita. Parecia que nunca tínhamos o suficiente da sua companhia – nós sempre queríamos mais.

Consegue imaginar uma menina tão fascinante? Bonita e vivaz com um fino e inteligente senso de humor; virtuosa sem ser hipócrita; bem ajustada; gostava de brincadeiras; graciosa e com uma personalidade vencedora que qualquer pessoa adoraria. Uma onda de amor cristão até mesmo da nossa abençoada Mãe. Eu vi muita gente, até mesmo sacerdotes, completamente maravilhados com ela.

O mesmo poderia ser dito sobre a Jacinta, a Mari Lori e a Mari Cruz. Todas tinham o mesmo orgulho Castelhano e eram incrivelmente boas pessoas. Mari Loli falou-me que nos primeiros dias da aparição se sentia muito desanimada porque as pessoas a seguiam noite e dia. Ela não poderia nem ir ao banheiro ( casa de banho) em paz, porque naquela época tinha apenas um sanitário em toda a aldeia.

Tudo nas meninas era ingénuo e normal. Eu não notei nenhum indicativo de que elas estavam se esforçando para parecerem santas. Eu, curioso, observava como todos buscavam a sua companhia: homens e mulheres, jovens e velhos, sacerdotes e leigos. As crianças exalavam um amor que, sem dúvida, foi transferido para a Virgem que elas disseram ter visto. Na maioria dos casos, o amor não transcendeu, mas se concentrou nas próprias meninas, que me pareciam muito humanas e naturais.

Quando as outras crianças tiveram uma aparição e Mari Cruz não teve, eu percebi que ela ficou muito triste. Para consolá-la eu dei-lhe o meu anel de casamento para que o entregasse à Virgem para beijar, como era o costume. Mari Cruz, muito feliz, colocou o anel num dos seus dedos. Nessa viagem em particular eu fiquei em Garabandal por 3 dias e meio.

Três dias se passaram e Mari Cruz não teve nenhuma aparição, ela não entrou em êxtase. Na noite anterior à minha partida eu disse "é melhor você me devolver o meu anel por que devo ir embora às 3 da manhã."

"Deixe-me ter o anel um pouco mais, talvez eu tenha uma aparição hoje à noite."

Eu deixei o anel com ela.

As outras três entraram em êxtase. Elas seguiram adiante naquele estado, de braços dados umas com as outras. Mari Cruz aproximou-se, pegou o braço de uma delas, levantou a cabeça e caminhou ao lado delas por dez a doze passos para ver se entraria em êxtase também. Mas nada aconteceu. Ela devolveu-me o anel e foi embora triste sem dizer nada, com a cabeça baixa. (O desapontamento não era meu, o anel tinha sido beijado numa outra ocasião enquanto Conchita estava em êxtase.)

Eu relatei esse desejo não realizado de Mari Cruz para que possa ser entendido que êxtase vem quando ele vem... não quando a menina quer.

O comportamento de Mari Cruz não enganaria ninguém. Não havia nenhuma pretensão da parte dela no êxtase e o desapontamento dela era obvio. Quanto a mim, eu dei o anel para a criança por afeição, porque me doía vê-la triste. Não era nenhum teste de minha parte.

Ainda uma história emocionante

Escrevendo como um médico cristão, talvez com maior ênfase no médico do que no cristão, o meu objetivo é recordar os fatos e as circunstâncias em que os coletei da forma mais clara possível, evitando opiniões e influências de supostos fanáticos.

Por meio de observações e introspecção uma coisa é clara: ninguém nunca fica entediado quando se fala sobre Garabandal. Conversas sobre o assunto, embora na sua maioria sejam repetições de conversas anteriores, nunca são tediosas; elas são até acompanhadas de uma alegria interior para quem ouve. A minha esposa tem escutado frequentemente, muito frequentemente, o mesmo discurso, mas ainda assim ela diz que escutaria por toda a vida.

Eu nunca me canso de falar sobre Garabandal. Na verdade, ao contrário, agrada-me e me dá uma alegria incomum. É como se eu estivesse vivendo uma euforia não só em conferências, mas também em reuniões e chats privados. É fácil deixar-se levar e discutir Garabandal até altas horas da manhã - e ninguém quer ir embora. É um fato bastante curioso.

Dei cerca de noventa palestras sobre o assunto, a maioria com a colaboração do fotógrafo David Clua, sem nunca me cansar. E sempre tive que me disciplinar e limitar os meus discursos aos fatos mais importantes para evitar que se tornassem pesados ​​e intermináveis. O sentimento de ternura por tudo sobre Garabandal se comunicou espontaneamente a todos os "Garabandalistas", que parecem ser pessoas muito sensatas e virtuosas, dedicadas a promulgar os fatos dessas estranhas ocorrências. Isso inclui as pessoas da aldeia com quem eu pude ficar e viver de bom grado. Eu não era o único médico em Garabandal na época. Outra pessoa nos ajudou - o bom doutor Sanjuan Nadal, eminente psiquiatra de Barcelona.

Um acontecimento incomum

Ao pensar na minha primeira viagem a Garabandal, lembro-me de um acontecimento incomum no caminho para casa. A Margarita e eu pegamos o comboio( trem) e nos encontramos sentados ao lado da dançarina de Folies Bergeres. Imediatamente a conversa voltou-se para Garabandal e os estranhos eventos que tinhamos vivenciado lá.

Estava quente no comboio ( trem) e, embora eu não goste de perfumes, fiquei feliz em pegar o lenço humedecido de colônia que ela ofereceu para limpar a humidade das minhas mãos e braços. A dançarina desceu do comboio(trem) em Bilbao e Margarita e eu tivemos que esperar três horas pela nossa conexão para Barcelona. Andamos pela cidade e encontramos um restaurante para jantar. Foi durante a refeição que notei um cheiro doce. Parecia vir da minha mão e braço esquerdo. Pensei que fosse do lenço humedecido de colônia que a dançarina tinha-me dado e não dei mais atenção a isso.

Mas quando embarcamos no comboio (trem) para Barcelona, ​​notei o cheiro novamente no nosso compartimento. Percebi então que ele vinha em rajadas. Era muito intenso, como sândalo. Apenas o meu lado esquerdo exalava a fragrância. Ele durava cerca de dois minutos para ir embora completamente: não tinha intervalos regulares.

Eu disse a mim mesmo que estava na minha mente e não mencionei isso a Margarita. A próxima rajada parecia estar localizada na minha aliança de casamento que tinha sido beijada pela Virgem. Pelo menos era de lá que parecia mais forte. No meu íntimo eu estava com medo de me deixar seguir numa sugestão como aquelas atribuídas a pessoas histéricas. Eu não disse nada, mas as rajadas de sândalo (pelo menos parecia mais assim) eram muito intensas de vez em quando, e vinham em momentos inesperados. No dia seguinte, o odor estranho se repetiu em intervalos irregulares. Era extremamente forte.

Nós saímos nesse dia para Caldetas onde a minha família passava o verão, e foi lá que eu decidi falar com a minha esposa a respeito. Naturalmente, ela achou que eu estava um pouco doido.

No entanto, naquela mesma noite, enquanto nos preparávamos para descansar, a fragrância voltou. Eu coloquei a minha mão perto da Julia e disse, "pegue isso, cheire..."

Ela pegou a minha mão só para me agradar, convencida de que eu era louco, e me disse que estava prestes a dizer: "eu não sinto cheiro de nada".

Então eu vi a minha esposas ficando branca como uma parede, tomada com uma emoção e incapaz de falar uma palavra. Finalmente ela sussurrou: "Sim, tem cheiro... como sândalo".

No dia seguinte, na praia, o cheiro voltou, mais forte que nunca. Fiquei surpreso que as pessoas não vieram perguntar o que era.

O meu filho, Augusto, estava comigo: "Pegue este anel e cheire". Eu disse-lhe.

"Sim". Ele respondeu com uma seriedade incomum. "Sim, tem um odor, de que eu não sei, mas é muito intenso".

Ele não prestou mais atenção nisso, e foi para a água.

Essa foi a última vez que eu notei o aroma estranho, isso nunca mais aconteceu.


Traduzido pelo Apostolado de Garabandal, Setembro 2024