OS ACONTECIMENTOS - AGOSTO DE 1961

Excerto de She Went in Haste to the Mountain por Eusebio Garcia de Pesquera, O.F.M., Cap. Impresso com a autorização do detentor dos direitos de autor da tradução inglesa.

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Em agosto de 1961, os acontecimentos de Garabandal tomaram novas dimensões, como o autor continua a sua narrativa.


Com a chegada do mês de agosto, mês de verão por excelência, em que Santander e as suas estâncias balneares transbordam de gente, o fluxo de visitantes vindos de todas as regiões para Garabandal adquiriu um ritmo acelerado. E, ao mesmo tempo, os próprios eventos também pareciam seguir um ritmo acelerado à medida que aumentavam em número e ganhavam mais atenção.

No primeiro dia do mês, como já mencionámos, as coisas começaram com a bela adição na recitação da Avé Maria: "Santa Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe". No dia 3 de agosto, ocorreram as primeiras quedas extáticas e muitos outros fenómenos, que culminaram com o regresso da Conchita à cidade, depois de oito dias em Santander, como já foi descrito. No dia 4 de agosto, uma sexta-feira, teve lugar o episódio do gravador. No dia 5 de agosto, entre outras coisas, a atenção de todos foi fortemente atraída por uma marcha extática muito rápida desde os Pinheiros até à igreja. Ouviu-se a Conchita pedir ardentemente por perdão por ter ido à praia, e com não menos ardor implorou à Aparição que fizesse um milagre visível para que todos acreditassem. O Padre Valentim escreveu nas suas notas:

«Às duas da tarde a Loli, a Conchita e a Jacinta subiram para lá dos Pinheiros; aí ajoelharam-se e perguntaram: "Para onde vamos? Para a igreja? E fizeram a descida em êxtase. Na igreja, pararam primeiro diante do altar-mor. Depois foram para o altar da Imaculada Conceição e rezaram um belo terço - Conchita à frente e as outras a responder. Tudo isto durou cerca de uma hora e meia.

À noite, pelas 9h30, voltaram à igreja em êxtase. Eu estava no portão quando elas chegaram e quis impedi-las, mas não consegui. Foram para a frente do altar-mor, ajoelharam-se e começaram a falar.

Conchita pede perdão por ter ido à praia e ao cinema. Conchita chorou. Pedem também, com muita insistência, que a Virgem faça um milagre. E perguntaram porque é que Mari Cruz não a via.

A ausência de Mari Cruz pode ser explicada pelas pressões exercidas sobre os seus pais, que já tinham dúvidas e estavam perturbados, pelo que a mantiveram isolada, longe dos locais e dos fenómenos dos outros três. Sabemos, por exemplo, que durante os dias de agosto, uma das suas tias de Madrid estava lá, e ela e outras pessoas disseram à mãe: "A criança está doente e os outros também". Por essa razão, levavam-na para os pastos sempre que podiam. Embora não possa afirmar com certeza que tenha ocorrido neste dia, deixo aqui um facto que me foi contado e que revela bem a preocupação dos videntes naqueles dias. A Mari Cruz e a Jacinta foram levadas em êxtase para junto da fonte, e o povo juntou-se à volta delas. A última luz do dia estava a desaparecer. A mulher de Augusto Fernandez viu que o seu filho, com poliomielite, estava junto das videntes, no meio da multidão, e receou que lhe acontecesse alguma coisa, pois a multidão apertava-o. Com coragem, aproximou-se dele para o proteger de uma possível avalanche de espectadores curiosos.

Reclinou-se no chão ao seu lado, tentando não interferir com a visão dos que estavam atrás dela, e teve a oportunidade de ter a cabeça quase encostada a Mari-Cruz, a quem ouviu dizer num sussurro: "Olha. O povo não acredita. Só acreditam que somos loucas e parvas. Vá, faz um milagre, mesmo que seja pequeno, para que acreditem. Que caiam agora três estrelas". Alguns segundos depois, para surpresa de todos e sem que quase todos soubessem o motivo, três estrelas brilhantes e cadentes cruzaram o céu.

No domingo, 6 de agosto, as raparigas tiveram um êxtase à noite, às 21h30 em ponto. Durante a recitação do terço, ouviu-se uma música celestial que embalava os ouvintes e despertava a devoção, enquanto as raparigas entoavam as Avé Marias lenta, ritmada e fervorosamente. Saíram de êxtase às 22h12 e, para concluir esta noite inesquecível de comunicação com o céu, como em tantas outras ocasiões, foram rezar uma estação da Via Sacra diante do Santíssimo Sacramento. As raparigas não rezaram mal, longe disso, mas os espectadores ficaram impressionados com o contraste entre o modo como rezavam em êxtase e no estado normal. A segunda, embora devota e bem-dita, não tinha nem a voz, nem o ritmo, nem o sentimento, nem a música da primeira. Era evidente que as raparigas em êxtase estavam perante algo ou alguém que as transformava.

No dia 7 de agosto, uma segunda-feira, houve mais êxtases. Por exemplo, um deles ocorreu às 2 horas da tarde com as quatro raparigas juntas. Parece que este foi um dos dias em que a Virgem Maria disse às raparigas para ficarem em casa, sem saírem, por causa do dilúvio de estranhos. Desta forma, a Virgem Maria protegeu as raparigas do entusiasmo e da curiosidade indiscreta da multidão e permitiu-lhes um pouco de descanso.


UMA VIAGEM BRILHANTE


O dia 8 de agosto de 1961 seria um dia particularmente marcante no desenrolar desta história. Às 5h45 da manhã desse dia, na frescura do ar matinal e sob um céu limpo que começava a clarear, uma caravana de automóveis, incluindo um jipe, deixou Aguilar de Campoo, na província de Palência. Afastando-se do imponente castelo - que, ao longe, parece coroar a cidade com um mural de pedra parcialmente desmoronado - os carros entraram na estrada que os levaria a Cosio, passando por Cervera, Piedras Luengas, Polaciones e Tudanca.

Quando a caravana chega a Cosio, já a manhã vai avançada. O Padre Luis Maria Andreu estava entre os que viajavam num carro com membros da família Fontaneda. Em Cosio, estacionaram os carros, e o jipe fez três viagens de ida e volta para trazer todos os passageiros até Garabandal. O Padre Valentin Marichalar, o pároco, ficou muito contente por ver que o Padre Luis Maria tinha vindo e disse-lhe:

- Vieste na altura certa, porque hoje tenho que ir a Torrelavega. Dou-lhe as chaves da igreja e confio-lhe também o cuidado da paróquia durante a minha ausência.

O Padre Luis aceitou de bom grado e gracejou com Rafael Fontaneda:

- Vamos, meu amigo, já que hoje sou o pároco de Garabandal.

Obviamente, isto era uma honra e um privilégio para ele. O Sr. Fontaneda tinha a certeza que o Padre Luís estava extremamente interessado em tudo sobre Garabandal desde a sua primeira visita, embora não tivesse revelado a sua opinião. Tinha falado das visões em geral, das suas formas e tipos, da importância dos estudos psicológicos para um juízo adequado sobre estes fenómenos. Via-se que tinha um interesse apaixonado pelo assunto.

O Padre Luís, como pároco, mandou tocar os sinos da igreja para a missa. E, apesar de ser um dia de trabalho, veio muita gente, tanto estrangeiros como pessoas da aldeia. "Cerca de vinte pessoas, entre as quais Conchita, Jacinta e Mari Loli, receberam a comunhão", anotou o Padre Luís no seu caderno. "A missa que o Padre celebrou", assegura Rafael Fontaneda," foi excecionalmente celebrada. Todos os presentes ficaram impressionados". Não há dúvida de que assim foi, já que foram muitos os testemunhos. A que se deve isso?

No início, alguns atribuíram-no à presença dos videntes. Mais tarde, foi relacionado com o facto de que esta seria a última Missa do Padre e que, de alguma forma, ele teve um presságio invulgar. Um pequeno incidente também pode ter contribuído para o facto: quando ia deitar a jarra de vinho no cálice, esta encontrava-se vazia. O acólito correu a uma casa vizinha à procura de vinho e voltou logo com ele, mas havia a suspeita de que podia não ser puro. O Padre Luís recolheu-se uns instantes em oração - olhos fechados, mãos à frente do peito - depois fez o sinal de deitar o vinho na jarra e a missa prosseguiu com toda a serenidade e devoção. Tudo isto, unido à excitação das aparições da noite anterior e à espera das que eram esperadas nesse dia, pode ter tido uma influência decisiva na devoção coletiva e no fervor da celebração da Missa. É certo que o povo, ao sair da igreja, comentava o silêncio, a piedade e o espírito de fé com que o celebrante e a congregação estavam unidos em íntima comunhão diante do altar.

Livro El Interrogante de Garabandal

Não havia nada de novo nessa manhã, mas toda a gente estava à espera, pois as raparigas tinham anunciado uma aparição para pouco depois do almoço, às duas da tarde. Nessa altura, as quatro raparigas, acompanhadas por uma grande multidão, entraram na igreja. O Padre Luís regista no seu caderno: "Às 14:11 entraram em êxtase. Sorriem, sobretudo a Jacinta. Mari Cruz gesticulava timidamente". De seguida, anota o que conseguiu ouvir das conversas.

O Padre - escreve Rafael Fontaneda - estava ao lado das raparigas e, como já tinha feito em ocasiões anteriores, anotava cuidadosamente tudo o que faziam e diziam. Mas parecia extremamente absorvido pelo êxtase, e os que estavam mais perto dele viram lágrimas silenciosas correrem-lhe pelas faces. É evidente que ele sentia a presença de algo extraordinário.

O Padre Luis não era o único a tomar notas; outros dois espectadores também tomavam notas para que os pontos principais não fossem esquecidos: um seminarista de Aguilar chamado Andrés Pardo, e o famoso padre dominicano Antonio Royo Marin. Das notas de um ou de outro, sabemos que, entre outras coisas, Conchita disse à Visão:

«Sabes o que te estou a dizer? Que tens de dar um sinal; que... só um sinal... em Lourdes e em Fátima deste um sinal.... Queres que te mostre tudo o que te trouxe? [Apresenta os terços e as medalhas] Beija-os.... Como é que eu fico de cabelo curto?... Vens esta noite?... Oh, que bom!... Quantos anos tens?... Oh.... Mais três do que um? Seis? Oh, sim! Tenho doze anos... mais seis... dezoito. Sete a mais que Mari Cruz.

Conchita não era a única a falar. Loli perguntou-lhe porque é que o Anjo não tinha vindo. Insiste então no mesmo pedido de um sinal: "Dá um agora mesmo! Tu dizes sempre que o vais dar, que o vais dar...". A Jacinta também participa na conversa, perguntando, entre outras coisas, se naquela noite não deviam voltar a estar aos pares como das outras vezes, cada par numa casa diferente. Naturalmente, falaram dos padres que lá estiveram nesse dia:

«Hoje vieram dois padres; um é jesuíta e rezou a missa muito bem.... Como é que ele se chama? Qualquer coisa como Andrés.... O dominicano... Em Santander vimos muitos dominicanos.... O Padre Juan disse aos sacerdotes que não viessem. Porque é que ele fez isso» [das mesmas notas que as anteriores].

O Padre Luís anotou os inícios do êxtase minuto a minuto: 14:19: Loli faz um gesto brusco para cair para a frente; 14:24: Conchita chora. (Será que é por causa do que aconteceu em Santander? Ela tinha acabado de o mencionar). Alguns segundos depois, Loli cai e Mari Cruz apoia-a, segurando-a pelas costas. 14h35: As quatro caem - tentámos segurá-las. Elas permanecem com o olhar para cima, sem pestanejar. 14h40: Levantam-se e ajoelham-se. 14h43: Vão para trás, em direção ao altar da Virgem do Rosário; caindo de costas diante dele, com as costas no chão, começam a rezar o terço...14h47: Levantam-se e continuam a rezar o terço de joelhos. Acena-se com uma mão diante dos seus olhos e eles não pestanejam; pestanejam algumas vezes por esforço próprio, mas muito raramente. Nota-se uma certa rigidez nos maxilares.... Quando começam a ladainha, quase parece que voltam a perder o equilíbrio.... Terminam a oração com um Pai-Nosso ao seu anjo da guarda, uma Salve à Virgem do Carmo e um Credo dos Apóstolos ao Sagrado Coração de Jesus. O êxtase termina por volta das 15 horas.

No entanto, durante este êxtase, previa-se algo para a noite, e não seria pouco, pois ouvia-se dizer: "Quanto tempo vai demorar? Duas horas? Onde é que nos vamos ajoelhar?


(continua)

Traduzido pelo Apostolado de Garabandal em língua portuguesa, Novembr0 2024