Meditação do Evangelho – Solenidade da Epifania do Senhor e reflexão sobre a mensagem de Garabandal

07-01-2023

Viver Garabandal: Garabandal e a Epifania de Deus!


Louvor a Deus +

Queridos irmãos, espero que estejam bem!

Neste final de semana, celebramos a solenidade da Epifania do Senhor. A palavra epifania teve origem no grego epipháneia, com o significado de "aparição" e, posteriormente, no latim, epihania. A origem oriental desta solenidade está implicada no seu nome Epifania (revelação, manifestação).

Os latinos usavam a denominação festividade da declaração ou aparição com o significado de revelação da divindade de Cristo ao mundo pagão através da adoração dos magos, aos judeus com o batismo nas águas do Jordão e aos discípulos com o milagre das bodas de Caná. O episódio dos magos, podemos considerá-lo, como o fizeram os Padres da Igreja, o símbolo e a manifestação do chamado de todos os povos pagãos à vida eterna. Os magos foram a declaração explícita de que o Evangelho era para ser pregado a todos os povos e, ao mesmo tempo, que Deus quer atrair a Si todos os povos da terra.

Na prática, na Epifania celebramos a vinda do Senhor para todos os povos, de todas as raças, tribos e nações. Se o Natal celebra a redenção de Israel, a Epifania celebra a redenção de todos os homens de boa vontade, porque o amor de Deus não tem medidas e não tem limites, porque Ele quer salvar a todos; afinal, como ouvimos na segunda leitura: "os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho." (Ef 3,2-3a.5-6).

Celebramos, então, com alegria a grande manifestação do Senhor a todas as nações, que estão representadas nos Magos vindos do Oriente. Depois dos pastores, o Senhor se dá a conhecer a estes misteriosos personagens. Na Epifania, Deus apresenta seu Filho "às nações, guiando-as pela estrela" (Epifania de Nosso Senhor, Missa do Dia, Oração Coleta). Descobre-se "a verdade sublime que Deus veio para todos: todas as nações, línguas e povos são acolhidos e amados por Ele. Símbolo disso é a luz, que tudo alcança e ilumina", como recordou o papa Francisco (Homilia, 6/01/2019). O menino recém-nascido é o Messias prometido aos israelitas, mas a sua missão redentora se estende a todos os povos da terra, afinal, Jesus Cristo é a meta da peregrinação dos povos em busca da salvação, porque Nele está a nossa salvação.

São Josemaria Escrivá, faz uma citação muito profunda, ao dizer: "É necessário repetir muitas e muitas vezes que Jesus não se dirigiu a um grupo de privilegiados, mas veio revelar-nos o amor universal de Deus. Todos os homens são amados por Deus, de todos espera amor. De todos. Sejam quais forem as suas condições pessoais, sua posição social, sua profissão ou ofício. A vida comum e vulgar não é coisa de pouco valor; todos os caminhos da terra podem ser ocasião de um encontro com Cristo, que nos chama à identificação com Ele para realizarmos - no lugar onde estivermos - a sua missão divina. Deus chama-nos através das vicissitudes da vida diária, no sofrimento e na alegria das pessoas com quem convivemos, nas aspirações humanas dos nossos companheiros, nos pequenos acontecimentos da vida familiar. Chama-nos também através dos grandes problemas, conflitos e tarefas que definem cada época histórica e que atraem o esforço e os ideais de grande parte da humanidade" (São Josemaria, É Cristo que passa, n. 110).

É exatamente isso que vemos e experimentamos em Garabandal que, na verdade, é uma grande Epifania de Deus. Segundo o papa São Paulo VI, Garabandal "é a mais bela história da humanidade desde o nascimento de Cristo. É como a segunda vida da Santíssima Virgem na Terra", na qual, como uma "estrela", vem atrair a Cristo todos os povos da terra.

Antes, o Bom Deus atraiu, por meio de uma estrela, os reis magos, que simbolizavam as nações pagãs; hoje, o Bom Deus quer, por meio de sua Mãe, a Virgem Maria, atrair a Si todas as nações da terra que, infelizmente, voltaram a viver no paganismo, porque o amor de Deus nunca desiste de nós, porque o Seu amor é para sempre!

Sabemos que, em Garabandal, a Santíssima Virgem Maria, Nossa Mãe, revela o estado atual da Igreja e do mundo e, mais do que isso, revela o remédio que, na prática, é como um luzeiro que nos ajuda a ver o caminho: as suas duas principais Mensagens.

Diante de uma humanidade que volta as costas para Deus, em Garabandal surge a "Estrela da manhã", a Santíssima Virgem Maria, para dizer: "Deus não desiste de vocês! Deus não vira as costas para vocês! Ele quer salvá-los! E sempre está disposto a dar uma nova chance!"; é por isso que, na prática, Garabandal é uma mensagem de esperança! É por isso que vale a pena recordar o conteúdo da última mensagem que uma das videntes, a Conchita, recebeu da Mãe do Céu, que disse: "Conte-me, Conchita, conte-me sobre meus filhos! Eu os levo todos sob o meu manto... Amo-vos muito, e lhes desejo a salvação!". Deus se revela porque nos ama, porque quer nos salvar e, a "Estrela da manhã", a Virgem Maria é a porta-voz desse Seu grande anúncio de misericórdia.

Vivemos, na verdade, em um tempo muito difícil - no mundo e na Igreja - e vemos que a apostasia cresce e se alastra, também entre os ministros sagrados. Como nos recorda a primeira leitura (Is 60,1-6), vemos que terra está envolvida em trevas, e que nuvens escuras cobrem os povos; isso, porque, quando nos afastamos de Deus, perdemos a luz e a vida perde o sentido; além disso, quando nos afastamos do verdadeiro Magistério da Igreja, começamos a ser dominados pelas nuvens escuras das falsas doutrinas e dos falsos ensinamentos desse mundo corrompido e do demônio, que vem "para roubar, matar e destruir" (cf. Jo.10,10).

De uns tempos pra cá, a fé acerca do Juízo Final e da existência do demônio tem se tornado obsoleta. Muitíssimas pregações dão enfoque apenas à afabilidade de Deus e à sua misericórdia. Com efeito, uma vez que se exclui a justiça divina e a sedução diabólica da catequese cristã, abre-se caminho à banalização do mal, pois se o cristianismo já não prega sobre o inferno, mas apenas sobre a ternura de Deus, isso significa que já não é mais necessária uma mudança de vida para se enquadrar nos desígnios de Deus. Afinal de contas, se Deus é amor e tudo perdoa, concluem alguns, qual o sentido de se preocupar com o pecado?

Esse triste relativismo é uma tendência muito em comum nos tempos atuais, sobretudo no que diz respeito aos valores inegociáveis da fé católica e às perseguições que a Igreja sofre. Ao invés de se indispor com o mundo, a pessoa prefere não tomar partido de nenhuma situação, para que possa agradar a todos, mesmo que isso signifique negar a Verdade da fé. O Catecismo da Igreja Católica denuncia que essa é uma atitude genuinamente diabólica: "a impostura religiosa suprema é a do Anticristo, isto é, a de um pseudo-messianismo em que o homem glorifica a si mesmo em lugar de Deus e de seu Messias que veio na carne", (Cf. CIC 675).

O perfil do Anticristo, segundo o teólogo Cardeal Giacomo Biffi, apresenta "altíssimas demonstrações de moderação, de desinteresse e de ativa beneficência". Além disso, é um pacificista nato, com grandes preocupações ecológicas e humanitárias. De Cristo, nega de maneira decisiva a moral, pois, de acordo com sua concepção, ela seria causa de divisões. Em linhas gerais, ele traz uma promessa de libertação e triunfo político, ou seja, um messianismo secularizado, qual propõe algumas correntes teológicas por aí. Para alguns, é como se Deus estivesse errado e como se a Tradição da Igreja, que santificou tantos santos e santas, fosse coisa obsoleta, do passado e atrasada.

É curioso - e terrível ao mesmo tempo - perceber que numa época em que já não se fala mais de Anticristo, Diabo e Juízo Final, mas simplesmente de "amor" e coisa vãs, o número de violências, guerras e outros males é absurdamente enorme como nunca antes. Dou um exemplo: muitas vezes, gastamos horas e horas fazendo reuniões para decidir coisas de quermesses e construções, mas não nos importamos com a reforma do caráter dos fiéis, não fazemos uma pregação embasada na doutrina, na moral, nos princípios católicos; deixamos em segundo plano o sacramento da confissão, tiramos a Santa Missa do centro da vida das paróquias e, muitas vezes, ainda incentivamos os fiéis a continuarem no erro, no pecado, na ofensa a Deus, como se fosse a coisa mais normal do mundo, e tudo isso por um maldito respeito humano.

C.S. Lewis, autor das Crônicas de Nárnia, escreve no seu livro "Cartas de um Diabo ao seu aprendiz", que a melhor maneira de o demônio conquistar o mundo é fazendo com que a humanidade não creia nele. Ora, acaso não está cada vez mais comum encontrar cristãos que pregam o amor, mas são incapazes de protestar contra o aborto? Pessoas que fazem campanhas e propõem prisões a agressores de animais, mas sequer se importam com o mendigo na porta da casa? Ou então aqueles católicos que dizem amar Jesus, mas são negligentes com o pecado, sem perceber que com isso eles são também responsáveis pelas chagas de Cristo na cruz?

Sobre isso, disse o Cardeal Joseph Ratzinger na Via-Sacra de 2005, "não se pode continuar a banalizar o mal, quando vemos a imagem do Senhor que sofre". E, no entanto, o mal é o que mais se pratica hoje, e por pessoas que se dizem cristãs e, pior, por cardeais, bispos e sacerdotes, que, segundo a Virgem Maria, "vão pelo caminho da perdição e, com eles, levam muitas almas" (Mensagem de 18 de junho de 1965).

Sim, meus irmãos, o Anticristo está solto no mundo e tem feito muitos discípulos. São servos do maligno aqueles que relativizam a Verdade e propõem a apostasia como alternativa à perseguição à Igreja. Enquanto os mártires do passado morreram para que a fé católica fosse preservada e professada; hoje, muitos seguidores do Anticristo têm servido a cabeça da Igreja numa bandeja para o príncipe deste mundo, por meio do relativismo, do indiferentismo e do incentivo às falsas doutrinas e aos falsos ensinamentos, que são disseminados para confortar consciências pecaminosas. Falam de amor, preocupam-se com a natureza e pregam a paz, mas não se incomodam nem um pouco quando a fé em Jesus Cristo é ultrajada pelas hostes infernais, quando os sacramentos são banalizados, quando as almas vivem no pecado, quando o Santíssimo Sacramento é esquecido, profanado e quando a Mãe de Deus é ofendida e escarnecida. Tudo isso faz parte do "mistério da iniquidade" predito pelo Senhor quando perguntou aos apóstolos: "quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?" (Cf. Lc 18, 8) e parte da "grande tribulação" que, segundo Nossa Mãe, em Garabandal, precederá "O Aviso".

É nesse contexto que a Santíssima Virgem Maria aparece em Garabandal: para opor-se às obras das trevas, para desmascarar o demônio, para nos trazer a Luz, para que não sejamos dominados pelas trevas e nem confundidos pelas densas nuvens do relativismo religioso e moral; além disso, Ela aparece para nos revelar a Glória do Senhor, que será manifestada, nesta terra, de maneira gloriosa quando acontecer "O Grande Milagre". Além disso, com suas Mensagens, Nossa Mãe quer fazer com que caminhemos à Luz de Deus e ao clarão de Sua aurora, porque o Bom Deus quer libertar o indigente que suplica e o pobre ao qual ninguém quer ajudar, porque ele tem pena do indigente e do infeliz e a vida dos humildes quer salvar; é por isso que, por meio do Arcanjo São Miguel, Ela disse: "[...] peçam, e nós lhes daremos" (Mensagem de 18 de junho de 1965).

E então, vamos viver Garabandal?

Que o Bom Deus, pelas mãos imaculadas de Nossa Mãe, abençoe a todos!

Com afeto, orações e minha bênção sacerdotal,

Pe. Viana


O Pe. Viana, sacerdote de uma paróquia do estado de S. Paulo, é colaborador e amigo da missão do Apostolado de Garabandal em língua portuguesa.

Janeiro de 2023