Meditação do Evangelho – 2º Domingo da Quaresma e reflexão sobre a mensagem de Garabandal
Viver Garabandal: Garabandal e "o Caminho Mariano da Transfiguração
Louvor a Deus +
Queridos irmãos, espero que estejam bem!
Neste final de semana, celebramos o Segundo Domingo da Quaresma. Neste domingo, juntamente com o Apóstolo São Pedro podemos dizer: "É bom estarmos aqui" (Mt 17,4), reunidos junto do altar do Senhor para celebrarmos a Santa Eucaristia, onde nos encontramos com o nosso Mestre e Senhor.
Neste domingo somos convidados a subir ao Monte Tabor, a fim de meditar acerca da sugestiva narração da transfiguração de Jesus. O texto evangélico começa dizendo que "Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E foi transfigurado diante deles" (Mt 17,1s). O Evangelho de Mateus situa essa cena em um momento delicado para os apóstolos. Pouco antes, Jesus havia dito claramente a eles "que era necessário ele ir a Jerusalém, sofrer muito da parte dos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar" (Mt 16,21).
Por isso, agora Ele quer alimentar a sua esperança, manifestando a sua glória diante de Pedro, Tiago e João. Sobe a uma montanha alta, primeiro acompanhado pelos três discípulos, de modo análogo a como Moisés escalou o monte Sinai, acompanhado por Arão, Nadab e Abihú, seguido pelos anciãos do povo (Êx 24,9). Esses seriam os mesmos três apóstolos a quem Ele chamaria no Getsêmani para acompanhá-lo mais de perto, enquanto os outros estavam um pouco mais afastados do lugar em que Jesus rezava em agonia (Mc 14,33). Essas cenas de alegre esplendor e sofrimento angustiado em que Pedro, Tiago e João o acompanham são contrastantes, mas, ao mesmo tempo, ambas se relacionam inseparavelmente, porque não há glória sem cruz e, ao mesmo tempo, não somos capazes de suportar o peso da cruz, sem a contemplação constante das realidades celestes.
O texto evangélico ressalta que se trata de uma nuvem luminosa que teria envolvido os discípulos com a sua sombra e dessa nuvem dizia uma voz: "Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!" (v.5). A nuvem sagrada é o sinal da presença de Deus. Algo semelhante pode-se constatar no momento do batismo de Jesus, quando também uma voz, a partir do interior da nuvem, proclamou Jesus como Filho: "Eis meu Filho muito amado em quem ponho minha afeição" (v. 17). Mas a esta solene proclamação da filiação acrescenta-se agora uma ordem: a Ele devemos escutar (v. 5).
Este premente apelo a escutar o Cristo é um convite a deixar que a luz de Cristo ilumine a nossa vida e nos conceda a força para anunciarmos e testemunharmos o evangelho a todos. É um empenho que comporta, às vezes, não poucas dificuldades e sofrimentos.
A finalidade desta transfiguração foi encorajar os discípulos para que não se deixassem vencer pelas provações que viriam em breve, com a paixão e morte de Cristo, por isto, a transfiguração de Jesus ocupa, nos evangelhos, lugar de especial importância, pois prepara os apóstolos para enfrentarem os dramáticos eventos do calvário, apresentando-lhes, com antecipação, aquela que será a plena e definitiva revelação da glória do Senhor no mistério pascal. Por isto, mediante este acontecimento, os discípulos são preparados para superar a terrível prova da paixão e compreender o mistério pascal de Cristo.
Como sabemos, a nossa opção do Jesus e o nosso desejo de fazer a Sua vontade, vai nos trazer um "preço", uma consequência e, se não estivermos fortalecidos pela Sua voz, e pela Sua Palavra, nos perderemos e sem a contemplação da vida eterna, aos poucos perderemos a razão da nossa luta e nos deixaremos levar pelas propostas sedutoras desse mundo perverso. Penso que, nesse contexto, entram as Mensagens de Garabandal que, segundo São Paulo VI, "é a história mais bela da humanidade, desde o nascimento de Cristo. É como que um segunda vida da Santíssima Virgem na terra".
Assim como Nosso Senhor, a Santíssima Virgem "gosta" da montanha. O povo da Bíblia utilizou o simbolismo da montanha como lugar especial da manifestação da glória de Deus ao Seu povo. Assim, ao longo das páginas da Bíblia, abundam as montanhas sagradas, como que marcando as grandes etapas da história e da fé do Povo de Deus: é à montanha que o patriarca Abraão sobe para o sacrifício de Isaac (Gn 22,1-19); Moisés encontra-se com Deus, pela primeira vez, no lugar sagrado da montanha do Horeb (Ex 3,5); depois da saída do Egito, o povo de Israel encontrou-se com Deus na montanha do Sinai (Ex 19,3); na montanha com os amalecitas, Moisés ora no alto do monte (Ex 17,19); Elias ora no alto do monte Carmelo (1Rs 18,42).
A montanha é, também, o símbolo da estabilidade e da eternidade de Deus, em contraposição com as águas movediças dos rios e dos mares. Deus é o único capaz de mudar as montanhas do seu lugar. É por isso que a montanha entra plenamente na linguagem apocalíptica: quando as montanhas cairem e se precipitarem no fundo do mar, chegou o fim deste mundo, para renascer um mundo novo (Is 40,4; Bar 5,7; Sl 11,4; Am 9,13).
A Santíssima Virgem Maria também subia à montanha para visitar sua prima, Santa Isabel. Em uma dessas visitas, ao saudar sua prima, que estava grávida de São João Batista, ao som de sua voz, Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Assim como fez nesse "episódio", a Santíssima Virgem Maria faz o mesmo, em Garabandal, "se levanta e vai apressadamente à montanha" (cf. Lc. 1,39), porque já não pode mais esperar. A Santíssima Virgem Maria sabe que seus filhos estão em perigo. Ela sabe que, assim como Pedro, Tiago e João, seus filhos são fracos e, diante das exigências da cruz e das seduções do mundo, precisam de Sua ajuda, precisam de Seu socorro, para que sejam fortalecidos, direcionados e consolados.
Em seu Diário, a Conchita faz as seguintes anotações, sobre a beleza da Santíssima Virgem: "A Virgem vem com um vestido branco, com um manto azul e com uma coroa de estrelas douradas... [...] muito bonita [...] a voz, muito bonita... uma voz rara, não sei explicar: não há nenhuma mulher que se pareça com a Virgem, nem na voz, nem em nada!". Isso nos lembra o Evangelho, quando Nosso Senhor se apresenta transfigurado, com o rosto brilhante como o sol, e com suas vestes brancas como a luz. Certamente, se tratava de uma grande e divina beleza que agradou tanto aos apóstolos que eles não queriam mais sair dali.
Mas, de onde vem essa beleza? Certamente que vem de Deus, afinal, Deus é a verdadeira beleza e, na medida em que o homem se une a Ele e se esforça para fazer Sua vontade, é transfigurado, divinizado, embelezado por Ele, porque se torna cada vez mais parecido com Deus.
O caminho do mundo é o contrário: desde nossos primeiros pais, Satanás tem conduzido o homem à desobediência a Deus e, na medida em que o homem desobedece a Deus, se desfigura, se destrói, se corrompe e, perde a glória do Céu. É nesse sentido que, no Evangelho, escutamos uma ordem vinda do Pai: "Escutai-O!" (cf. Mt,17,4) e é exatamente isso que Nossa Mãe faz em Garabandal: vem nos conduzir ao caminho da obediência à vontade do Senhor, na qual encontramos a santidade e o nosso céu antecipado.
Sabemos que, durante as aparições, a Santíssima Virgem Maria deu às videntes alguns conselhos e recomendações que cada um de nós também pode e deve trazer para a vida ordinária; sem dúvida, podemos chamar esses conselhos de "Caminho Mariano da Transfiguração"; afinal, se o seguirmos, também seremos transfigurados. Vejamos:
- Ensinou que as "meninas" não deveriam fugir das pessoas e que deveriam responder ao que perguntassem sobre o que sabiam, desde que tivessem permissão para isso. Ou seja, devemos caminhar na Verdade da Fé e não esconder o que cremos;
- Disse que as "meninas" deveriam ser educadas, humildes, simples no modo de vestir, de falar e de agir;
- Ensinou que as "meninas" deveriam ser obedientes à Igreja, aos bispos e sacerdotes, obedientes à Doutrina;
- Aconselhou-as a fazerem muitos sacrifícios e muitas penitências;
- Convidou-lhes a rezar muito, com piedade e devoção;
- Convidou-lhes aos Sacrários, à confissão e à Comunhão Eucarística.
Que possamos, então, viver bem esse Segundo Domingo da Quaresma, subindo com Nosso Senhor e com Nossa Mãe, a montanha, para que sejamos também transfigurados.
Por fim, para concluir, cito o papa Francisco: "Deste episódio da Transfiguração gostaria de indicar dois elementos significativos, que sintetizo em duas palavras: subida e descida. Precisamos ir a um lugar afastado, subir ao monte num espaço de silêncio, para nos reencontrarmos a nós mesmos e ouvir melhor a voz do Senhor. Fazemos isto na oração. Mas não podemos permanecer ali! O encontro com Deus na oração estimula-nos de novo a 'descer do monte' e voltar para baixo, para a planície, onde encontramos tantos irmãos sobrecarregados por canseiras, doenças, injustiças, ignorâncias, pobreza material e espiritual. A estes nossos irmãos que estão em dificuldade, estamos chamados a levar os frutos da experiência que fizemos com Deus, partilhando a graça recebida".
E então, vamos viver Garabandal?
Que o Bom Deus, pelas mãos imaculadas de Nossa Mãe, abençoe a todos!
Com afeto, orações e minha bênção sacerdotal,
Pe. Viana