Garabandal e a Imaculada Conceição

08-12-2022


Meditação do Pe. Viana, sobre a Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora

Queridos irmãos,

LOUVOR A DEUS +

Com imensa alegria, celebramos a Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria. "Na plenitude dos tempos", diz o Apóstolo São Paulo, "Deus enviou Seu Filho ao mundo nascido de uma mulher" (Gl 4,4). No ponto central da História da Salvação, se dá um acontecimento ímpar em que entra em cena a figura de uma Mulher. O mesmo Apóstolo nos lembra: "Não foi Adão o seduzido, mas a mulher" (1Tm 2,14); portanto, devia ser também por meio da mulher que a salvação chegasse à terra.

Para isso foi preciso que Deus preparasse uma "nova Mulher", uma "nova Virgem", uma "nova Eva", que fosse isenta do pecado original, que pudesse trazer em seu seio virginal o autor da salvação e esta é a Santíssima Virgem Maria, que é o Paraíso terrestre do "Novo Adão", Nosso Senhor Jesus Cristo.

Como nenhum ser humano era livre do pecado e de Satanás, foi então preciso que o Bom Deus preparasse uma mulher livre, para que Seu Filho fosse também isento da culpa original, e pudesse libertar Seus irmãos do jugo do pecado, da morte e de Satanás.

Assim, o Bom Deus antecipou para a Virgem Maria, a escolhida entre todas, "a bendita entre todas as mulheres, que encontrou graça diante de Deus" (cf. L. 1,28-30), a graça da Redenção que seu Filho conquistaria com Sua Paixão e Morte. Sendo assim, a Imaculada Conceição de Nossa Senhora foi o primeiro fruto que Nosso Senhor Jesus Cristo conquistou com Sua morte, porque a santidade do Filho é a causa da santificação antecipada da Mãe; como o sol, que ilumina o céu antes de ele mesmo aparecer no horizonte, como nos recorda o Cardeal Suenens.

O Arcanjo, São Gabriel lhe disse na Anunciação: "Ave, cheia de graça..." (cf. Lc 1,28). Nessa expressão "cheia de graça", a Igreja entendeu todo o Mistério e o dogma da Conceição Imaculada da Santíssima Virgem Maria. Se ela é "cheia de graça", é cheia de Deus e, na prática, naquela que é cheia de Deus, não habita o pecado. Mesmo antes de Nosso Senhor Jesus Cristo ter vindo ao mundo, a Santíssima Virgem Maria é, desde sempre, toda pura, bela, sem mancha alguma; isto é, Imaculada.

O Catecismo da Igreja, no parágrafo 492, nos ensina:

"Este esplendor de uma "santidade de todo singular", com que foi "enriquecida desde o primeiro instante da sua conceição", vem-lhe totalmente de Cristo: foi "remida de um modo mais sublime, em atenção aos méritos de seu Filho". Mais que toda e qualquer outra pessoa criada, o Pai a "encheu de toda a espécie de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo" (Ef 1, 3). "N'Ele a escolheu antes da criação do mundo, para ser, na caridade, santa e irrepreensível na sua presença" (Ef 1, 4)."

Encontramos essa verdade, de forma muito poética, em um texto medieval, muito oportuno para o dia de hoje:

"Tota pulchra es, Maria

Et macula originalis non est in te.

Vestimentum tuum candidum quasi nix, et facies tua sicut sol.

Tota pulchra es, Maria,

Et macula originalis non est in te.

Tu gloria Jerusalem, tu laetitia Israel, tu honorificentia populi nostri.

Tota pulchra es, Maria"

Para melhor compreensão, traduzo:

"Tu és toda formosa, Maria

E a mancha original não há em ti.

Sua roupa é branca como a neve, e seu rosto é como o sol.

Tu és toda formosa, Maria,

E a mancha original não há em ti.

Você é a glória de Jerusalém, és a alegria de Israel, tu és a honra do nosso povo.

Tu és toda formosa, ó Maria."

Estamos, assim, diante de um Dogma! Ou seja, diante de uma verdade de fé estabelecida pela Igreja. No Catecismo, encontramos a seguinte afirmação: "Ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que Maria, "cumulada de graça" por Deus, tinha sido redimida desde a sua conceição. É o que confessa o dogma da Imaculada Conceição, procla­mado em 1854 pelo Papa Pio IX: "Por uma graça e favor singular de Deus onipotente e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada intacta de toda a mancha do pecado original no primeiro instante da sua conceição" (Catecismo da Igreja Católica, 491).

Na Santíssima Virgem Maria, a Imaculada Conceição, se contempla e se realiza o sonho de Deus querido para toda a humanidade: uma humanidade que se cumpre, inteiramente, na bondade e na beleza, no acolhimento e no dom, que responde fiel, numa escuta obediente à Palavra do Senhor. A Santíssima Virgem Maria é a Mulher intacta, sem fissuras; nela não há violência, ódio, injustiças, acusações, mentiras ou falsidades. Inteiramente de coração puro, cheia de beleza de ser e de responder. O belo e o bom da criação original nela se cumprem, nela se revelam, nela respondem sem pecado, sem deformação. A Santíssima Virgem Maria é a beleza original da criação, querida por Deus, renovada e salva em Cristo Jesus, Nosso Senhor.

Mas, podemos nos perguntar: "que relação existe entre a Imaculada Conceição e a Mensagem de Garabandal?". Em primeiro lugar, é interessante recordar que a Conchita, uma das videntes, sempre recebia as aparições ou a locuções interiores da Santíssima Virgem, na data de 08 de dezembro, que é o dia da Imaculada Conceição. Mas, por qual motivo?

É verdade que o Bom Deus tem suas razões e que não podemos perscrutar seus pensamentos; porém, tenho um pensamento:

Ao celebrarmos a Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria, somos convidados a recordar uma grande verdade de fé: o Bom Deus nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, como nos recorda o Apóstolo São Paulo (Ef. 1,4) e, para isso, nos abençoou com toda a bênção espiritual (Ef. 1,3), porque a Sua vontade é que sejamos santos e que evitemos a impureza (1Ts. 4,3), porque Ele nos chamou para a santidade (1Ts.4,7).

É por isso que a Santíssima Virgem Maria vem ao nosso encontro: porque é nela que encontramos todas as graças e o Autor de toda a graça. A Santíssima Virgem Maria vem, em Garabandal, nos dar um aviso, nos exortar e, mais do que isso, nos dar os "remédios" ou, melhor dizendo, nos dar as "armas" que devemos usar para que sejamos, de fato, aquilo que o Bom Deus quer de nós. Assim, em Garabandal, as mensagens de "Nossa Mãe" devemos nos conduzir ao horror ao pecado e, ao mesmo tempo, uma firme decisão de reparar os pecados de toda a humanidade, porque entristecem a Deus e à Santíssima Virgem Maria.

Sabemos que, certa vez, "Nossa Mãe" disse às meninas videntes que o que mais entristecia a Deus e a Ela, era o pecado mortal. Sendo assim, na celebração da Imaculada Conceição, a Santíssima Virgem Maria nos chama à luta, para que o pecado não domine mais sobre nós (cf. Rm. 6,12). Ela, como boa Mãe, nos exorta a que não ofereçamos nossos corpos ao pecado, como instrumentos do mal, mas que nos ofereçamos a Deus, para que todo o nossos ser seja instrumento do bem (cf. Rm. 6, 13-14) e, para isso, devemos assumir o seu grande apelo: primeiramente, "fazer muitos sacrifícios e fazer muita penitência", para que nos esvaziemos de nós mesmos; depois, devemos "visitar o Santíssimo Sacramento", por meio da Comunhão frequente e da adoração, para nos enchermos de Deus; por fim, "devemos ser muito bons", ou seja, se nos esvaziamos de nós, para que o pecado não nos domine; se nos unimos a Deus, nos tornamos bons, ou melhor dizendo, santos!

Que a Santíssima Virgem Maria, a Senhora do Carmo de Garabandal e "Nossa Mãe", nos forme em sua Escola e caminhe sempre connosco, para que possamos ser o que Deus quer de nós.

E então, vamos viver Garabandal?

Com minhas orações e bênção sacerdotal +

Pe. Viana


O Pe. Viana, sacerdote do Estado de S. Paulo, colabora com o Apostolado de Garabandal em língua portuguesa, Brasil e Portugal.


8 de dezembro de 2022